domingo, 28 de março de 2010

Noção de Forma

Claro! Tudo, ou quase tudo, tem forma.
Ou estrutura formal. As vezes trata-se mesmo de uma "FÔRMA" (usando uma grafia bem antiga), mas o fato é que nós gostamos e compreendemos coisas com "pé e cabeça". E no fundo é disso que se trata.
Claro, tudo depende ds distância que olhamos... do macro para o micro. Se estamos olhando de longe o todo é primeiramente dividido em grandes partes, e essas por sua vez em partes menores e assim por diante. Até chegar na menor estrutura, que em música chamamos "inciso", ou "ictus". Bacana, não é? Sim, é como chegar ao átomo.
Mas vamos começar olhando bem de longe, para uma compreenção mais global.
Vamos pegar, por exemplo, "Rosa Amarela"

Olha a Rosa amarela, Rosa
Tão Formosa, tão bela, Rosa
Olha a Rosa amarela, Rosa
Tão Formosa, tão bela, Rosa

Iá-iá meu lenço, ô Iá-iá
Para me enxugar, ô Iá-iá
Esta despedida, ô Iá-iá
Já me fez chorar, ô Iá-iá

Nota-se claramente que há duas partes (vamos usar letras para identificar cada parte): uma que começa com "Olha a rosa amarela..." (Parte A) e outra que começa com "Iá-iá meu lenço..." (Parte B)
Villa-Lobos tornou célebre esta simples cantiga popular. Mas não é preciso sequer ter melodia para perceber duas partes diferentes.
Então dizemos que a forma desta cantiga é: AB
Mas suponhamos que ele quisesse repetir depois da parte "Iá-iá meu lenço..." (Parte B) novamente a parte "Olha a rosa amarela..." (Parte A)
Aí então teriamos uma forma: ABA
Portanto trata-se de observar as diferenças e semelhanças.

sábado, 27 de março de 2010

Sonata

uma invenção genial do Barroco?
Não! Apenas um termo que tornou-se uma forma genial no Classicismo!!!
No Barroco Sonata significava apenas uma peça para "soar", muito provavelmente este termo foi derivado da "Canzona per sonare". De fato representa uma oposição à "Tocata" que literalmente significa algo para ser tocado. Isto é, tocado num instrumento de teclado. Repare bem, alguém já viu tocata para flauta? Tocata para violino?
Mas por outro lado Sonata aplica-se a qualquer instrumento (menos voz...)
Então qual é a peculiaridade desta forma? FORMA? Eu falei forma??? Ah... desculpe, isto ainda não existe definitivamente no Barroco... Teremos que esperar ainda 100 ou 200 anos (depende de que fase estejamos) para falar em "Forma Sonata".
Por enquanto a Sonata é apenas um nome que se aplica a muitas e muitas peças completamente diferentes.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Arco barroco X Arco Moderno

É claro, o que eu comentei sobre as diferenças entre o violino barroco e o moderno são bastante superficiais; o mesmo se aplica aos arcos. Mas isso tem por objetivo preparar o terreno para assuntos futuros, nos quais iremos realmente nos dedicar.
Pois bem... o arco era, antes, um arco. |) Sim, algo parecido com uma madeira reta e um arco de crina. Considerando que nessa época tratavam-se de instrumentos renascentistas, cuja construção era bem mais rudimentar, não precisava mais do que isso...
Já com o violino barroco o arco melhorou um pouco a sua arquitetura, o que permitiu um avanço técnico significativo por parte dos músicos.
Com um arco renascentista não era possível mais que um simples movimento de "vai-vem". Fazer saltar o arco na corda??? Que é isso! Mas com o arco barroco isso e outras coisas tornaram-se possíveis.
Já a mudança radical acontece com o francês Tourte, que (desculpe o trocadilho, mas é irresistivelmente verdade...) entorta o arco no sentido oposto e abre um mundo de possibilidades para o músico. Aí sim! Além de facilitar os golpes de arco já conhecidos torna possível o surgimento de inúmeros outros.
Mas não se perdeu nada com isso? Claro que sim! Sempre que há alguma grande evolução que rompe com o sistema anterior e acrescenta algo novo, ao mesmo tempo elimina algo também. Nesse caso a desigualdade de peso e tensão que tinham que ser compensadas com a velocidade jamais podem ser reproduzidas com o arco de Tourte. Sim, perdemos aquele sabor desigual do barroco que somente seria recuperado (parcialmente) na segunda metade do século XX quando começou a interpretação com instrumentos de época.
vejam alguns tipos de arco:



Os dois primeiros são arcos barrocos, o terceiro um arco de "transição" e os outros dois já são no modelo Tourte.
Obs. Haviam outros arcos entre o barroco e os chamados arcos modernos que não o de Tourte, mas não tão significativos.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Violino Barroco X Violino Moderno

não só o oboé evoluiu, mas também o violino! Sim, apesar de não ser uma mudança radical como a do oboé (que praticamente tornou-se outro instrumento), também o violino passou por modificações. Não foram mudanças estruturais, mas pequenas coisas que possibilitaram uma evolução de técnica e sonoridade.
Por exemplo: as cordas eram feitas de tripa. (Sim! Tripa animal, a mesma usada para fazer linguiça), o cavalete era ligeiramente mais baixo e bem menos curvo e também não havia queixeira nem espaleira.
Acha pouco? Vou explicar: como as cordas eram de tripa era preciso ter muito mais cuidado para elas não arrebentarem e com o cavalete quase plano era preciso prestar muita atenção para não tocar duas corda ao mesmo tempo.
Isso era ruim? Depende... para tocar, por exemplo, o concerto de Tchaikovsky sim, é praticamente impossível. Para tocar uma partita de Bach? Não. É mais fácil.
Ou seja, muito bom para a época. Tanto que hoje existem pessoas que procuram aproximar-se cada vez mais dos chamados "estilos de época" e optam por tocar com o violino como era no período barroco.
Ah! Tudo isso sem falar do arco, que era completamente diferente. Mas vamos falar da evolução do arco depois.

quinta-feira, 18 de março de 2010

O Oboé



Muito bem...
que raio de instrumento é esse?
Trata-se de um instrumento de sopro que tem o seu nome com origem no francês "Hautbois" (ôboá) que significa madeira aguda. Depois este nome foi migrando para outros países e ficou oboé (com ou sem acento... depende do país)
Na esquerda vemos um antecessor do oboé, no meio o oboé barroco e finalmente o oboé moderno.
O período barroco, século XVII, foi a época de ouro do oboé que juntamente com o violino foram instrumentos muito requisitados e pode-se dizer mesmo que definem a sonoridade deste estilo.
Mas eu não sabia nada disso quando vi pela primeira vez este instrumento! Sabia apenas que era um instrumento de sopro que tinha um som maravilhoso e que aparentemente dava um trabalho danado porque o sujeito que tocava passava mais tempo desmontando o instrumento do que tocando... às vezes ele saia no meio do ensaio da orquestra e eu perguntava: Não vai mais tocar hoje? e ele respondia: Não dá... tá entupindo muito...
obs. nesta época eu tinha 12 anos...