quinta-feira, 15 de abril de 2010

Linguagem muito empolada...

Certa vez tomando café com o meu amigo, e diga-se com louvor, grande oboista: Gilson Barbosa; ele comentou que havia escutado no rádio a transmissão de uma rádio-novela. (óbviamente uma retransmissão). E ele destacou a maneira bizarra com que as pessoas falavam nesta rádio-novela, e para melhor ilustrar o caso fez uma imitação de uma personagem com a seguinte frase: "Porque se cria um filho com tanto desvelo? E ele se torna... um marginal, um meliante! Vamos... vamos imediatamente ao "p" lácio da justiça!" (não, não é erro de digitação! Isto foi para ilustrar como o personagem falava. Algo como "Pelacio" ao invés de palácio).
Observe como a linguagem além de arcaica é empolada.
Claro que quando ele me contou isso nós dois choramos de tanto rir. Ninguém mais fala assim, e mesmo na época isso também era exagero.
Na música acontece a mesma coisa. Há pessoas que tocam de maneira tão exagerada ou cheia de vícios e maneirismos que a música acaba soando exatamente como essa transmissão.
É comum escutarmos críticas à maneira como por exemplo Karl Böhm gravou o "Messias" de Händel nos anos 1960. Soa um tanto estranho aquela orquestra imensa e romântica arrastando-se pela partitura a fora. Da mesma forma como me parece um tanto quanto ridículo uma interpretação demasiadamente acelerada a título de pureza histórica.
Então é uma questão de equilíbrio? Também; tudo pede equilíbrio. Mas neste caso estou falando de limpeza, clareza.
A música precisa de clareza. E contaminar a música com elementos desnecessários é que faz com que o discurso torne-se ridículo. Quer seja com a "megalomania" do romantismo ou com a "desinformação de época".
Em primeiro lugar é preciso ter um texto músical limpo, e isso começa pela edição. Depois é preciso saber exatamente o estilo e a linguagem em que aquela música foi escrita (é o que alguns chamam de "informação de época"). Daí em diante é com o artista.
Seja como for, música é como água. Tem que ser pura.

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